
O Brasil vem passando por um momento histórico desde o mês de junho desse ano. Eu estou me referindo ao fato que jovens de todas as classes sociais, idosos e todos aqueles que se sentem insatisfeitos com o nosso governo, resolveram sair às ruas para manifestarem sua insatisfação contra os governantes e acima de tudo pedem por justiça e melhorias em todos os setores sociais. Em princípio começou com São Paulo com liderança do movimento "Passe Livre" e se espalhou por todo o país.
Em um primeiro momento alguns pensaram que as manifestações tinham estourado por causa do aumento das passagens de ônibus, mas a realidade vai muito além dos R$ 0,20 sugeridos por alguns sites internacionais e até mesmo dentro de nosso país.
As pessoas saíram as ruas pedindo por melhorias nos transportes públicos, por reformas, bom atendimento e condições nos hospitais, contra a PEC 37, que é uma emenda Constitucional que tira o poder investigativo do ministério público, por melhores escolas, pelo fim da roubalheira dos governantes e até por nossa excelentíssima Presidente ter gasto tanto com a realização da Copa do Mundo de Futebol em nosso país. Enfim o povo brasileiro saiu as ruas para expressar sua insatisfação e finalmente como tantos disseram nas redes sociais, O gigante acordou!
As manifestações de 2013 lembram bastante a de gerações passadas como a "Diretas Já" (de 1983/1984) e o movimento dos "Caras Pintadas"(1992).
Entenda as "Diretas Já"
Com o regime da ditadura Militar os cidadãos não podiam votar para presidente, não existia democracia e quem era contra o governo era perseguido e preso.

Reconhecida como uma das maiores manifestações populares já ocorridas no país, as “Diretas Já!” foram marcadas por enormes comícios onde figuras perseguidas pela ditadura militar, membros da classe artística, intelectuais e representantes de outros movimentos militavam pela aprovação do projeto de lei. Em janeiro de 1984, cerca de 300.000 pessoas se reuniram na Praça da Sé, em São Paulo. Três meses depois, um milhão de cidadãos tomou o Rio de Janeiro. Algumas semanas depois, cerca de 1,7 milhões de pessoas se mobilizaram em São Paulo.
Mesmo realizando uma enorme pressão para que as eleições diretas fossem oficializadas, os deputados federais da época não se sensibilizaram mediante os enormes apelos. Com isso, por uma diferença de apenas 22 votos e um vertiginoso número de abstenções, o Brasil manteve o sistema indireto para as eleições de 1985. Para dar a tal disputa política uma aparência democrática, o governo permitiu que civis concorressem ao pleito.
Entenda "Caras Pintadas"
O movimento do 'Caras Pintadas" foi o movimento realizado no ano de 1992 que tinha como principal objetivo o Impeachment do então presidente da república Fernando Collor de Mello, o primeiro presidente eleito de forma direta pelo povo após o fim da ditadura militar, mas logo após assumir a presidência, em 1990, Fernando Collor de Mello já começou a receber críticas pela forma que ganhou a eleição, sendo acusado de manipulação da opinião pública. A situação ficou ainda pior com o desenrolar de seu governo. Para contar os altos índices inflacionários da época, Collor tomou medidas radicais, mudando a moeda nacional, criando impostos, reduzindo incentivos e, principalmente, confiscando o dinheiro na poupança dos brasileiros. Tudo isso fez parte do chamado Plano Collor e tudo isso desagradou muito a população brasileira.
A situação do governo de Fernando Collor de Mello ficou ainda pior quando, no início de 1992, seu próprio irmão, Pedro Collor de Mello, fez uma denúncia de corrupção no governo presidencial. O volume de acusações introduziu uma grave crise governamental e o presidente foi acusado de enriquecimento ilícito, evasão de divisas e tráfico de influência. O somatório de crimes irritou a população, já descontente com as medidas implementadas pelo Plano Collor. Assim, iniciou-se uma campanha pela ética na política e os estudantes começaram a se organizar para protestos contra o governo pedindo o impeachment do Presidente. Este ocorreu nos meses iniciais de 1992, logo após as denúncias de corrupção. A CPI julgava o caso e os estudantes se manifestavam exigindo o impeachment do presidente em exercício no Brasil. O movimento tomou as ruas das principais cidades brasileiras e recebeu esse nome justamente porque os estudantes reuniam-se com seus rostos pintados com as cores da bandeira do Brasil, verde e amarelo, para manifestar contra a corrupção na presidência. No final do ano de 1992, no dia 29 de dezembro, Fernando Collor de Mello renunciou ao seu cargo na expectativa de manter seus direitos políticos. No entanto, a pressão do movimento dos Caras Pintadas foi tamanho que o Congresso Nacional se sentiu forçado a julgar o caso e realmente concluir pela deposição do presidente, que foi substituído por seu vice, Itamar Franco.
Marcha ou Passeata dos Cem Mil
Rio de Janeiro, 26 de junho de 1968, dia em que ocorreu um dos atos mais importantes contra a ditadura militar instaurada no Brasil. Antes da passeata dos 100.000, já havia ocorrido manifestações estudantis nas ruas, sempre reprimidas pela polícia, com mortes de estudantes e a prisão de mais de 300 pessoas.

O governo abria caminhos para a instauração do ensino particular pago em todos os níveis, incluindo o superior, e a tendência de cursos pragmáticos com o intuito de somente formar mão-de-obra para as empresas capitalistas, esquecendo a formação de cidadãos. A política educacional do MEC, naquela época, estava sob influência de técnicos norte-americanos.
A passeata dos 100.000 iniciou às 14 horas, com cerca de 50 mil pessoas, número que dobrou em 1 hora. Depois da passeata, houve uma reunião entre o então presidente Costa e Silva e os universitários Franklin Martins e Marcos Medeiros, na qual foi solicitada a libertação de estudantes presos e o fim da censura.
No mês seguinte, o governo militar proibiu qualquer manifestação pública no país, o que gerou a prisão e mortes de vários estudantes. Em 21 de agosto de 1968, o projeto de lei de anistia aos estudantes foi rejeitado pelo Congresso. A legalização da repressão ocorreu através do AI-5, Ato Institucional nº5, em 13 de dezembro de 1968.
Conclusão Final
Após analisarmos os movimentos Caras Pintadas (ocorrido em 1992), Diretas Já (ocorrido entre 1983/1984), Manifestações de Junho (ocorrido neste ano de 2013) e Marcha dos 100 mil (ocorrido em 1968), onde tivemos o privilégio de ter um maior conhecimento, agora é hora de fazermos uma conclusão geral do assunto destacando as semelhanças e diferenças entre elas. Como todos sabem, todos os movimentos citados referem-se às lutas pelo direitos da população.
- Semelhanças:
Tanto nas manifestações ocorridas em Junho deste ano (2013), quanto as restantes percebemos um apelo gritante por melhorias em todos os setores sociais, as pessoas saíram às ruas a princípio em menor quantidade e foram ganhando força com o passar do tempo. Em todas as manifestações citadas percebemos que a classe predominante nos protestos foi a dos estudantes. Todas as manifestações eram de certa forma contra o governo e defesa dos direitos civis, políticos, sociais e humanos.
- Diferenças:
Em todas as manifestações citadas, percebemos algumas diferenças com as atuais ocorridas em Junho deste ano. Na Marcha dos 100 mil e nas Diretas Já, percebemos um apelo pelos direitos políticos.
Nas manifestações dos Caras Pintadas com as atuais percebemos que os fatores predominantes eram bem mais os direitos sociais e humanos, o que nos leva a crer que com o passar dos anos, o povo Brasileiro amadureceu a ideia de lutar contra qualquer tipo de injustiça e aprendeu que a força que uma sociedade pode ter, está ligada diretamente aquilo que se acredita. Quando vimos em 2013 que as manifestações eram compostas por pessoas de diversas classes sociais, idades e gêneros, notamos uma unificação e um desejo de um Brasil melhor para todos, sem exceção.
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